Escola Técnica e Criativa SENAC – Bahia

ESCOLA TÉCNICA E CRIATIVA – SENAC

SALVADOR – BA – 2023

PROPOSTA PARA CONCURSO NACIONAL DE PROJETOS DE ARQUITETURA E URBANISMO.

Educar para o trabalho, objetivo do SENAC, é uma missão central na construção do ser humano e da vida em sociedade. Mas essa é uma tarefa que ultrapassa os espaços tradicionais da escola, das salas de aula, das bibliotecas e dos laboratórios.

Grande parte das trocas e interações entre estudantes, e também com os docentes, acaba acontecendo nos lugares comuns, de percurso e de encontro, característicos da tipologia escolar.

Dentro dessa ótica, a concepção do projeto é construída em um edifício-escola, no qual os espaços de encontro catalisam as experiências dos estudantes, consolidando o conhecimento tradicional elaborado em salas de aula e laboratórios.  Imagina-se assim, um lugar que promova a interface entre a instituição e a sociedade, local de uso público, que se expande, se exibe e convida a participar das relações de aprendizado.

Contexto: estrutura morfológica do terreno e entorno

O terreno escolhido para a implantação do novo SENAC Salvador tem algumas condições e pré-existências:

– A rua frontal, Av. Antônio Carlos Magalhães é uma infraestrutura urbana, mas com escala rodoviária. Nesse sentido, tanto a sua dimensão, quanto as condições de paisagem, colocam desafios do ponto de vista da qualificação de acessos do pedestre, da proteção acústica e visual, e da sensação de conforto dos usuários.

– O talude na porção posterior do lote, apesar de apresentar dificuldades de ocupação e estabilização constitui uma oportunidade do ponto de vista paisagístico. Ele é o quintal do SENAC, área propícia à vegetação e à contemplação, um jardim visível a partir das salas voltadas em sua direção.

– O casario aos fundos do lote, no topo do talude, característico dessa região do Parque Bela Vista, conforma uma espécie de vazio/anfiteatro no qual o novo edifício tem condições de se instalar, permitindo contrastes e espacialidades singulares.

– A legislação urbanística sugere recuos laterais de pequena dimensão para os lotes desse setor, mesmo para gabaritos mais altos. Dessa forma, as visuais e iluminação das faces voltadas aos vizinhos, são ou serão comprometidas futuramente pela implantação das novas edificações.

– As condições de insolação do local representam um desafio, uma vez que todas as faces da envoltória são bastante expostas à luz solar ao longo de todo o ano.

Das condições descritas acima, derivam as intenções de projeto.

Sugere-se assim um edifício que se expanda de dentro para fora, promovendo oportunidades de encontro dos usuários e acolhimento da população do entorno. Ao mesmo tempo, pretende-se que seus espaços criem condições adequadas ao aprendizado. Para isso, são propostos espaços de permanência protegidos, sombreados e arejados, estabelecendo interfaces vivas com a cidade.

Dentro dessa lógica, duas premissas de projeto são adotadas.

A primeira é a possibilidade de expansão do chão da calçada frontal ao edifício, na direção do seu interior, conformando assim um pátio interno. Ao redor desse pátio térreo se articulam os principais espaços de uso público que concentram das atividades comuns dos usuários.

A segunda premissa de projeto leva em consideração o potencial dos espaços comuns para a troca de experiências entre estudantes e, por consequência, para o aprendizado. Assim, as circulações de conexão entre setores são desenhadas junto ao perímetro do edifício, como se fossem varandas, a partir das quais se pode, não só acessar as salas de aula, mas também visualizar elementos do entorno como, por exemplo, o Parque Joventino Silva. De forma a dar continuidade a esse sistema de circulação, rampas são posicionadas junto à fachada frontal, tornando o movimento interno das pessoas no edifício perceptível, tanto a partir da rua, quanto a partir dos espaços de permanência do SENAC. De forma suave, depois de passar pelo pátio e portaria, essas rampas e corredores conectam meios níveis onde se localizam cada uma das áreas didáticas.

Distribuição programática

No térreo, além do pátio, estão: o café, a biblioteca, o auditório, os espaços para inscrições e para acolhimento. É possível a entrada direta ao café a partir da rua, caso o edifício não esteja em pleno funcionamento.

No mezanino, distribuídos em meios níveis, estão os espaços administrativos, áreas de apoio aos funcionários e o Núcleo Educacional.

No nível sobre a laje de cobertura do auditório está um segundo pátio, elevado, lugar de encontro e convívio de estudantes e colaboradores da instituição. A plataforma que se estabelece nesse local tem vista para a área verde/jardim no talude aos fundos do lote.

A partir desse piso se distribuem, até a cobertura, as salas de aula e laboratórios. As visuais desses ambientes sempre têm aberturas, ou para o pátio interno, ou para os jardins do talude aos fundos do lote.

Construção

A materialidade da envoltória se constrói numa superfície respirável, tijolos que se articulam como um cobogó. O bloco cerâmico, tão comum na arquitetura brasileira desde o período colonial, é o elemento fundamental nessa proposta para as fachadas da Escola Criativa SENAC Salvador. Essa superfície desempenha o papel de sombreamento das paredes de salas de aula e laboratórios, ao mesmo tempo em que protege as circulações perimetrais da edificação.

O edifício para a Escola Criativa SENAC em Salvador pode incorporar uma série de sistemas para o melhor desempenho e responsabilidade ambiental. Na cobertura, por exemplo, podem ser posicionados painéis fotovoltaicos e, a depender de estudos complementares, geradores eólicos do tipo VAWT, mais silenciosos e adaptáveis ao ambiente urbano. Redes de captação, tratamento e reuso de águas servidas ou água da chuva são elementos essenciais no desempenho ambiental da edificação e colaboram para a redução de consumo. Além de sistemas dessa natureza, também são possíveis estratégias passivas de climatização como o sombreamento das superfícies externas e a ventilação natural das envoltórias. Imagina-se um edifício com climatização artificial apenas em espaços como auditórios, laboratórios e salas de aula, onde a alta concentração e permanência de maior número de pessoas inviabiliza o condicionamento natural.

A origem de escolas como o SENAC está ligada ao educar para o trabalho. A arquitetura educa construindo. E constrói também para educar. Pretende-se aqui um edifício que promova a cultura e a educação nos seus espaços, na sua luz e na sua sombra. No olhar possível sobre a cidade, no acolhimento, no encontro, nos caminhos percorridos, tangíveis ou imateriais. Um lugar para aprender e trabalhar.

O PROJETO

A EQUIPE

Autores
Emerson Vidigal
Eron Costin
Fabio Henrique Faria
João Gabriel Rosa
Martin Kaufer Goic

Colaboradores
Marina Ruiz
Tiago Galdeano
Guilherme Pinto
Charlles Furtado

FICHA TÉCNICA

  • Área Construída: 10.176,68 m²

@ Estúdio41 Arquitetura. Design: 095
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